De acontecimentos e de agradecimentos tardios

Esta semana morreu Clóvis Bornay. Mais um pedaço do carnaval carioca que se encerrou. A era dos desfiles, das fantasias originais e luxuosas.
Estava com 89 anos. Eu morei durante longo tempo na Av. Princesa Isabel, a uma quadra da Prado Jr., onde ele morava. A festa de seus 80 anos foi na rua, com o Bloco da região, a presença de figuras folclóricas do Rio de janeiro. Sem dúvidas, mais uma perda do Rio de Janeiro, do estilo carioca de viver.

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E o que é que estamos fazendo com o clima da Terra? Não bastassem as enchentes, os furacões, todas essas catástrofes a que estamos assistindo principalmente no último ano, agora a seca se abate sobre a Amazônia, a "grande reserva de água e de oxigênio" da humanidade. Cadê o Protocolo de Kyoto?
Nas imagens exibidas na TV esses dias mostraram os leitos secos dos rios, as pessoas estocando água em casa - que imagens surpreendentemente tristes!. Rompeu-se o equilíbrio ecológico de nosso planeta? Isso é definitivo?

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"...a nossa vida, a vida inteira, está ali como... como um acontecimento excessivo... Tem de se arrumar muito depressa. Há felizmente o estilo. Não calcula o que seja? Vejamos: o estilo é um modo sutil de transferir a confusão e violência da vida para o plano mental de uma unidade de significação. Faço-me entender? Não? Bem, não aguentamos a desordem estuporada da vida. E então pegamos nela, reduzimo-la a dois ou três tópicos que se equacionam. Depois , por meio de uma operação intelectual, dizemos que esses tópicos se encontram no tópico comum, suponhamos, do Amor ou da Morte. Percebe? Uma dessas abstrações que servem para nada."

Quando estive em Belo Horizonte agora no início do mês, além de ter estado hospedado em sua casa, tive o prazer de ser por ele, estudante de literatura, apresentado a Herberto Helder, o autor desse trecho aí em cima, de seu conto "Estilo". Uma maravilha, uma perfeição o livro, "Os Passos em Volta", que comprei logo que cheguei de volta ao Rio.

Então, já que na ocasião não fiz essa referência, obrigado, Bruno Ros, por tudo - pela amizade, pelas conversas, pela hospedagem, e por ter me apresentado a esse fantástico poeta e contista português.