BABEL
Filmes em que são contadas várias histórias entrelaçadas e fragmentadas, explicita ou implicitamente relacionadas entre si, não são novidades. Que o diga Crash, ganhador de vários Oscars no ano passado. Que, diga-se de passagem, achei uma bobagem, conforme comentei nesse blog no ano passado.
Que o diga também Magnólia, um filmaço, pouco visto, mas pra mim dos melhores que já vi na vida. A cena da chuva de sapos é pura fantasia, puro cinema. E não podemos esquecer de Depois da Chuva.
Esse ano temos Babel. Já vencedor de vários prêmios, inclusive o Globo de Ouro de melhor filme, e indicado a 7 Oscars. Também é um filmaço, apesar de sê-lo por motivos distintos aos de Magnólia.
Nas suas 4 histórias entrelaçadas, o diretor Alejandro González-Iñarritu traça um cruel painel do mundo moderno,de nossa “civilização”. A cena dos turistas no meio de uma aldeia no Marrocos, com medo de serem atacados naquela cidade “de inimigos”, a imigrante mexicana – Adriana Bazarra, fascinante - voltando com as crianças do México e enfrentando a polícia americana, o garoto americano afirmando “Mamãe disse que o México é muito perigoso”, e o mexicano Gael Garcia Bernal respondendo, “Sim, é cheio de mexicanos”, a desesperadora solidão da surda-muda japonesa em busca de afeto – são perfeitas traduções de nosso “vida moderna”, do medo, da intolerância, da solidão que povoam nosso dia a dia. O muçulmano que ajuda o americano – Brad Pitt - e sua esposa – Cate Blanchett - ferida pode ser visto como um contraponto – até quando o americano oferece dinheiro como “recompensa”(!!!) e ele recusa.
Um belíssimo filme, com uma ótima trilha de Gustava Santaolalla, de Brokeback Mountain. Imperdível.
3 Comentários:
Não concordo que Crash é uma bobagem, aliás, o que o cinema americano tem feito de melhor ultimamente é exteriorizar seus preoconceitos e dilemas. Filmes sobre preconceito social e racial são temas que devem ser tratados sempre. Nesse caso, não precisamos de lirismos, como em Magnólia, a verdade é nua e crua..e choca..Bjs
Oi, Ralph.
Obrigado pela sua visita lá no blog.
Adoro filmes com narrativa fragmentada (no tempo e no espaço). Só não pode forçar muito a barra! Ainda não vi Babel, mas quero fazê-lo em breve.
Abração!
Confesso que o saldo final me irritou: aquela coisa de 'nós americanos sempre nos damos bem no final e o resto do mundo que se exploda!'
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