A Vida dos Outros
Amigos queridos consideraram o filme reacionário. Que só mostra um lado da questão, não levando em conta nem os aspectos positivos da Alemanha Oriental nem os aspectos negativos da Alemanha Ocidental. Sim, porque até 1989 o país era dividido em 2 – o lado Ocidental, e o lado Oriental, com um regime comunista, onde se passa a história do filme.
Deixando de lado as questões ideológicas, o slogan no cartaz do filme é perfeito: “Onde o poder é absoluto, nada é confidencial”. Pois para mim é esse o âmago do filme: a crítica aos regimes totalitários – e o fato de os regimes comunistas terem se tornado regimes totalitários não tira a força ideológica do comunismo e do socialismo e de sua proposta. E regimes totalitários tivemos em vários lugares do planeta, inclusive nessa nossa América Latina, nesse nosso país – e ver as pessoas terem que conversar com a música tocando alto, para não serem ouvidas pelos agentes do sistema traz tenebrosas recordações a todos que vivemos os anos 70 no Brasil.
Os atores são brilhantes, em particular o casal de artistas e o agente encarregado de grampeá-los. Esse agente da Stasi é magistralmente interpretado por Ulrich Mühe, que morreu de câncer recentemente. O personagem sofre uma transformação ao longo do filme que é demonstrada através de seus atos contidos. De espião do casal, torna-se um “cúmplice” de toda a história, transformando seus próprios atos pessoais – a cena do elevador com o garoto e a bola é surpreendente.
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