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domingo, fevereiro 18, 2007

CARTAS DE IWO JIMA

Desde “Um Mundo Perfeito” – A Perfect World – Clint Eastwood já mostrava sua predileção pelos temas mais difíceis e contrários aos esperados em filmes americanos.

O seu projeto agora em cartaz, que engloba esse Cartas de Iwo Jima e A Conquista da Honra (que ainda não vi) é muito interessante. Observar um fato histórico sob dois ângulos é fascinante. Principalmente quando se trata de um episódio decisivo na 2ª Guerra Mundial – a tomada da ilha de Iwo Jima – e quando se trata da visão dos dois lados, o americano (o vencedor) e o japonês (o perdedor). E mais ainda. Quando esses dois olhares partem de Clint Eastwood.

Mostrar a história sob o ponto de vista dos perdedores é sempre doloroso. E no caso do Japão, mais estranho e doloroso ainda, pois é uma outra cultura, absolutamente desconhecida, ou ao menos praticamente desconhecida por nós.

E a história desse povo está ali. A visão kamikaze é a mais perfeita tradução dessa cultura vista na guerra. Os japoneses preferem morrer a fugir – e explodem granadas junto ao corpo quando não tem outra saída a não ser fugir.

O soldado Saigo (Kazunari Ninomiya) e o general Kuribayashi (Ken Watanabe) estão perfeitos. Os outros atores também estão ótimos.

Uma fotografia sensível emoldura uma belíssima e dolorosa história. O filme já ganhou vários prêmios internacionais, e está indicado a 4 Oscars – melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado e edição de som. É um filme difícil, de pouco apelo popular. Mas é um filmaço.

IMPERDÍVEL

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

A Rotina do Carnaval

E amanhã começam os festejos momescos, pelo menos no calendário oficial. É o carnaval que invade as ruas as tevês e até mesmo muitas mentes...

Há uma necessidade de se divertir. Isso é quase visível no ar.

Os engarrafamentos já tomam conta das estradas que saem do Rio. Principalmente a Ponte Rio-Niterói. Há relatos de amigos e conhecidos que em outros anos já levaram 12 horas para irem do Rio à Região dos Lagos – 180 km – e que estão dispostos a passarem mais tantas ou mais horas no mesmo trajeto para alguns dias de sol e mar em cidades e praias superlotadas. E que na quarta enfrentarãoo mesmo tempo-percurso no caminho back-to-home.

Enfim, é a amanhã que começa. Tudo de novo. Os blocos. Os bares. A praia. As festas. Beber. Pular. Alguns amigos estão vindo prá cá, vão ficar hospedados aqui.

Enfim, que chegue logo o amanhã. Estamos preparados. Estamos?

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

BABEL


Filmes em que são contadas várias histórias entrelaçadas e fragmentadas, explicita ou implicitamente relacionadas entre si, não são novidades. Que o diga Crash, ganhador de vários Oscars no ano passado. Que, diga-se de passagem, achei uma bobagem, conforme comentei nesse blog no ano passado.

Que o diga também Magnólia, um filmaço, pouco visto, mas pra mim dos melhores que já vi na vida. A cena da chuva de sapos é pura fantasia, puro cinema. E não podemos esquecer de Depois da Chuva.

Esse ano temos Babel. Já vencedor de vários prêmios, inclusive o Globo de Ouro de melhor filme, e indicado a 7 Oscars. Também é um filmaço, apesar de sê-lo por motivos distintos aos de Magnólia.

Nas suas 4 histórias entrelaçadas, o diretor Alejandro González-Iñarritu traça um cruel painel do mundo moderno,de nossa “civilização”. A cena dos turistas no meio de uma aldeia no Marrocos, com medo de serem atacados naquela cidade “de inimigos”, a imigrante mexicana – Adriana Bazarra, fascinante - voltando com as crianças do México e enfrentando a polícia americana, o garoto americano afirmando “Mamãe disse que o México é muito perigoso”, e o mexicano Gael Garcia Bernal respondendo, “Sim, é cheio de mexicanos”, a desesperadora solidão da surda-muda japonesa em busca de afeto – são perfeitas traduções de nosso “vida moderna”, do medo, da intolerância, da solidão que povoam nosso dia a dia. O muçulmano que ajuda o americano – Brad Pitt - e sua esposa – Cate Blanchett - ferida pode ser visto como um contraponto – até quando o americano oferece dinheiro como “recompensa”(!!!) e ele recusa.

Um belíssimo filme, com uma ótima trilha de Gustava Santaolalla, de Brokeback Mountain. Imperdível.