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domingo, abril 13, 2008

Texto brilhante

Depois de ver o filme fui ler o livro. Não costumo fazer isso. Mas o livro me prendeu tanto quanto o filme. É muito bom.

"Acho que não consigo deixar de me identificar com o cara", concede Ronan enquanto mexe nas brasas com uma vara. "Odeio admitir isso, mas há poucos anos eu poderia facilmente estar no mesmo tipo de situação. Quando comecei a vir ao Alasca, acho que era muito parecido com McCandless: verde igual, a mesma ansiedada. E tenho certeza de que existem muitos outros alasquianos que também tinham muito em comum com ele quando chegaram aqui pela primeira vez, inclusive muitos de seus críticos. Vai ver que é por isso que são tão duros com ele. Talvez McCandless os faça lembrar um pouco demais de seus antigos eus."
A observação de Ronan sublinha como é difícil para nós, mergulhados nas preocupações roitineiras da vida adulta, relembrar quão vigorosamente fomos fustigados outrora pelas paixões e desejos da juventude. Como refletia o pai de Everett Ruess anos depois que seu filho de vinte anos desapareceu no deserto: "As pessoas mais velhas não percebem os vôos da alma do adolescente. Acho que todos entendemos muito mal Everett."
(Jon Krakauer, Na Natureza Selvagem, p. 193/194)

O livro é muito bom, assim como o filme. "Assista o filme, leia o livro". Ou seria o contrário?