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domingo, março 26, 2006

Um Plano Perfeito

Inside Man, o novo filme de Spike Lee, é surpreendente, é um ótimo programa. Num thriller policial, sobre um roubo a um banco, o diretor não deixa de lado sua crítica à sociedade americana - e a personagem de Jodie Forster é absolutamente representante de tudo o que ele quer escrachar. E os personagens novaiorquinos são absolutamente divertidos - vindos de todos os lados do mundo, eles compõem um divertido painel sobre o que é essa sociedade. Como esquecer a albanesa e o discurso de Enver Hodja? O policial e sua mulher morando na mesma casa que o irmão dessa - um marginal! Mas não vou contar mais sobre a história, vale a pena ver o filme, não quero estragar o prazer de ninguém.

Os atores estão ótimos. Além da Jodie Foster, já citada, Denzel Washington e Clive Owen estão , mais uma vez, ótimos. Um roteiro brilhante, ágil e absolutamente imprevisível - garantia de uma ótima diversão. E a trilha sonora também é muito boa.

Enfim, um ótimo programa para quem gosta de cinema.

sábado, março 25, 2006

JK

Terminou agora há pouco a mini-série JK na rede globo.

Agora, no jornal da emissora, a notícia das comemorações dos 30 anos do golpe militar na Argentina, que derrubou Isabelita Perón. Das mais cruéis ditaduras militares da América Latina.

Tava pensando no que escrever sobre a mini-série e o impacto que me causou, quando escutei essa notícia. Tristes lembranças.

Nasci em 1956, ano em que JK foi eleito presidente do país. Afora a minha tia-avó acusando o Negrão de Lima, que foi eleito governador do Estado da Guanabara, em 65, de ser comunista, posso dizer que a assinatura do AI-5 foi uma cena que repercutiu na minha família, assim como a trombose das coronárias de Costa e Silva. Depois, os anos 70, a entrada na faculdade, os tempos de chumbo no país, a militância no movimento estudantil, etc e tal. Eram tempos de medo.

Bom, tudo isso surgiu porque comecei a falar da mini-série que terminou agora há pouco. Mais uma vez, a Rede Globo deu um banho. Desde o início, com a maravilhosa participação da Cássia Kiss, passando pelo retrato feito dos anos 50 no Brasil – um período em que os brasileiros acreditavam que podiam ser felizes (êta, chavão!).

Vamos lá. Assistir Marilia Gabriela cantando Esses Moços, a Marília Pêra como D. Sarah, o Caio Ciocler, enfim, todos os personagens representando um papel importante na construção de um Brasil que – será? – já passou...

Enfim, foi curioso ver minha mãe, que aos 78 anos e numa cadeira de rodas, já com a memória falhando, procurando assistir sempre que agüentava ficar acordada, e depois ela me ligava, no dia seguinte, para comentar sobre a série. Foi surpreendente ver a rede globo mostrando as cenas vistas do “outro lado” – a militância de esquerda, o exílio, a tortura.

Não posso deixar de dizer, chorei muito assistindo a série. Várias vezes, em vários capítulos. Aquela história, afinal, faz parte da minha vida.

Digno de nota ainda observar que JK não era uma referência na esquerda brasileira. Acho que nem na história do Brasil. Curiosa minha ignorância sobre sua história.

Ainda a observar, para meus queridos amigos brasilienses, principalmente Rindu e Plenus, passei a entender um pouco mais a história de sua cidade. E passei a gostar daí... isso não é surpreendente?

Enfim, um único aspecto positivo no final da série. Poderei dormir mais cedo...rs

terça-feira, março 14, 2006

DO FORTE, DO FILME, E SOBRE UMA DÚVIDA

Ontem e hoje participei de um Fórum no Forte de Copacabana – além das discussões terem sido interessantes, reencontrei amigos que não via há tempos, e pude rever aquela vista maravilhosa sobre a Praia de Copacabana... hoje ainda almoçamos na Colombo, que fica no Forte, ao ar livre, debruçados sobre o mar. Um ótimo início de semana.

E depois aproveitei o final da tarde para assistir “A Pantera Cor de Rosa” e dar gargalhadas no cinema quase vazio. Steve Martin não fica nada a dever ao Inspetor Closeau de Peter Sellers – e dá pra rolar de rir. Steve Martin aprendendo inglês, o agente 006 em ação, a cabine de gravação à prova de som são cenas antológicas – uma ótima diversão, um ótimo passatempo.

E a dúvida: estava com a intenção de ir para Belo Horizonte na Semana Santa, rever meus amigos. Agora deu vontade de ir a São Paulo, também para rever amigos.

sábado, março 11, 2006

CRASH - NO LIMITE

Fui assistir hoje. Lamento discordar de meu querido amigo Sidnei, que comentou no meu blog no ultimo post. Que bobagem é esse filme!
O personagem de Matt Dillon, um policial racista, tem seu racismo justificado pela história de seu pai, pelo que o seu pai passou quando a sociedade de L.A passou a privilegiar as empresas de minorias..... o que é isso? dá para justificar?
Personagens absolutamente vazios, sem nenhuma profundidade. Algo como espuma, se afastar não sobra nada. Um amontoado de clichês....
Exceção, única: o chaveiro, sacaneado pela personagem de Sandra Bullock. O diálogo dele com a filha, debaixo da cama, a filha com medo de bala perdida, é um momento do mais belo cinema. Emocionante. Até nos faz ter a esperança de que o filme possa ter alguma coisa interessante até o final. Mas não tem.
E quando a filha do persa vê escrito na caixa vermelha da munição: “Balas de festim”? Era necessária essa cena?
Dá a impressão de que o diretor não consegue contar o que queria, que seu objetivo não foi alcançado. Ou, numa outra hipótese, ele talvez não soubesse o que queria contar.
Enfim, esse filme ganhou o Oscar. Mas, pensando bem, nunca vi um filme ganhar o Oscar e na semana seguinte estar sendo exibido apenas em pequenas salas, sem nenhum cinema de ponta.

Não posso deixar de me lembrar de Magnólia, um filme de quase quatro horas de duração e que tinha uma estrutura semelhante à desse filme. Ao contrário de Crash, no entanto, Magnólia flui de uma forma que não parece ter quatro horas. Em Crash, fica sempre a impressão que estão esticando uma história.

Devo concordar em uma coisa com o Sidnei. Talvez seja melhor esperar o filme sair em DVD e ver na TV. Ou melhor ainda, esperar passar na sessão da tarde.

terça-feira, março 07, 2006

Sobre o Oscar

Não vi Crash, portanto não posso comentá-lo. Vou transcrever aqui os comentários de Ana Maria Bahiana
São bastante interessantes:

"O espectro do preconceito continua rondando a discussão em torno do resultado final dos Oscars.

Para compreender melhor essa e outras questões no contexto americano, é bom saber que os Estados Unidos são, hoje, um país dividido em dois. Usando como referência as cores oficiais dos partidos políticos ( que dão um resultado inverso no Brasil), existem os "estados vermelhos", conservadores, pró Bush, que votam no partido Republicano ; e os "estados azuis", liberais, anti Bush, eleitores do partido Democrata e de candidatos não-alinhados.

Todas aquelas referências a "estar fora de contato com a realidade" que foram ouvidas durante a festa do Oscar eram alusão a uma crítica constante feita pelos "estados vermelhos" de que os "azuis", como a Califórnia e sua figura de proa, Hollywood, não entendem o que se passa na "verdadeira" América. E que escolher filmes como Brokeback era prova disso.

É bom ver dentro dessa perspectiva a motivação da Academia ao lançar seus votos finais."

E

"O dia seguinte: a sensação que prevalece é que lesaram O Segredo de Brokeback Mountain. Era para ter vencido, e venceu, a nível de Oscar, apenas parcialmente: os prêmios que realmente definem o vitorioso de um ano foram para Crash-No Limite.

Há muitas teorias e sentimentos voando pela indústria e pela mídia. Duas que respeito são do Carpetbagger do New York Times e do sempre sábio Kenneth Turan do Los Angeles Times. Turan coloca a coisa em termos muito simples: há filmes que vencem por perder (como Touro Indomável, por exemplo, para citar só um. Na área do filme estrangeiro, ó céus, Central do Brasil e Cidade de Deus).

Foi o que aconteceu com o filme de Ang Lee. Sua vitória mais profunda é o que já aconteceu- a travessia para corações e mentes do público do mundo inteiro, com toda a sua carga de inquietação, tristeza, desconforto, ameaça, encantamento. Isto é o que faz um grande filme: aquele que é tão poderoso que você não para de falar nele, contra ou a favor, muitas horas e muitos dias depois de tê-lo visto. Ou aquele que, como você leu aqui, dá medo de ser visto. Medo de ser visto: um filme sem armas, sem sangue, sem tortura, sem monstros, sem violência, sem sadismo. Um filme sobre amor, profunda e completamente sobre amor, sobre o que nos torna humanos e, portanto, divinos, em toda a nossa complexidade. (grifos meus)

Mas mexer com o vespeiro da sexualidade humana é mais complicado, ameaçador e poderoso do que mexer com qualquer outro de nossos temas sensíveis.Como Turan coloca tão bem, na intimidade do voto anônimo o establishment da Academia pediu arrego. Já lhe pareceu bastante que Brokeback tenha chegado onde chegou. Mais seria...seria... seria... perigoso? Repugnante? Ameaçador? Queria ser uma mosca para olhar esse pessoal hoje, diante do espelho.

Não sou da turma que odeia Crash. É um bom filme, muito bem construído e urdido, com interpretações magníficas, uma bela trilha e minha canção favorita, além de ser a cara da minha cidade querida, Los Angeles. Mas não é o melhor filme do ano. Suas pretensões – nobres, sem dúvida – são maiores que sua capacidade de expressá-las fluentemente e, freqüentemente, isso se traduz numa linguagem estenográfica que flerta com o clichê.

Mas é um filme "seguro". Numa safra recheada de minas subterrâneas de temas “perigosos”, Crash expressa aquilo que é palatável para o veio principal da Academia.

É uma vitória. Mas não é A Vitória. Essa, tempo e história dirão."


Como eu disse, não assisti Crash. Mas continuo achando que garfaram Brokeback Mountain.

quarta-feira, março 01, 2006

É Carnaval no Rio (II - final)

The Carnival is Over!!!

Viva a Vila Isabel!

E o Carnaval chegou ao fim, pelo menos no calendário. A Vila Isabel, depois de 18 anos, é campeã de novo, uma escola tradicional, um belo desfile!

Domingão amanheceu cedo e os paulistas partiram rumo ao Corcovado após tomarem um açaí numa casa de sucos e assistirem a um engavetamento de 4 carros na Barata Ribeiro, coisa ligeira, e encontrei-os no final da tarde na praia, outra vez a Farme, onde ficamos novamente até o dia escurecer, falando ao telefone com outros paulistas que não vieram pro Rio, o mar estava mais batido do que na véspera, e nós já na companhia do mineiro Vortisto, e terminamos por comer uma, não, duas pizzas no restaurante na praia e chegamos em casa antes de cair a chuva que atrapalhou o desfile da Rocinha na Sapucaí, e que não adiantou nada para diminuir a temperatura dessa cidade.


Segunda de almoço com Vortisto e João na Urca, e depois fomos com os paulistas e mais o Cadu e o Marcelo beber (claro) no Manuel e Joaquim, onde fomos visitados pelo aniversariante do dia, Sidpim, o baiano que mora em São Paulo e que quase à meia noite pode ser abraçado por seus amigos... E enquanto isso, César se divertia no Sambódromo, onde desfilou pela Portela.
E terça, último dia oficial do Carnaval, fomos para Ipanema, onde encontramos Mutatches, figura lendária do mundo blogueiro, e que se não fosse encontrado não poderiamos dizer que nosso Carnaval havia sido completo, e depois, enquanto a Banda saia e nós ficamos na praia até a noite (praia noturna foi o nosso programa principal no Carnaval)...... Por fim, para encerrar, empadas no Belmonte, dessa vez em Ipanema mesmo, e no final da madrugada, os paulistas partindo de volta para aquela estranha cidade ao sul do Trópico de Capricórnio, aonde irei em breve para reencontrá-los a todos....

Agora, só no ano que vem!